Florbela Espanca (1894-1930)
Como hoje é o dia da poesia, e estamos no clima de homenagens a diferentes escritoras, nada melhor do que escolher uma das mais famosas poetizas portuguesas.
Florbela
Espanca é uma poetiza portuguesa nascida em 1894. Seu nome de batismo era Flor
Bela Lobo. Em 1899 começou a frequentar o ensino primário e começou a utilizar
o nome de Flor d’Alma da Conceição Espanca para assinar seus escritos (ora
utilizava Flor, ora utilizava Bela). Em 1907 começa a apresentar os primeiros
sinais da neurastenia (doença que afeta o sistema nervoso central, causando fraqueza, nervosismo e depressão), mesmo problema enfrentado por sua mãe.
Foi umas das primeiras mulheres
a frequentar em Portugal um curso secundário.
A
poetisa viveu diversas histórias amorosas, e se casou três vezes, sendo o
primeiro divórcio o mais impactante de todos, pois divórcio naquela época ainda
era um tabu, e as mulheres eram recriminadas e rejeitadas por cometerem tal ação.
Florbela também sofreu dois abortos espontâneos e sofreu com a perda do irmão.
Muitos
dos problemas enfrentados por ela eram traduzidos em suas poesias, suas angústias,
suas perdas, a depressão que sentia.
Devido
aos problemas enfrentados pela neurose, Florbela Espanca tentou se suicidar três
vezes, sendo a terceira tentativa culminado em sua morte: a escritora faleceu
ao ingerir dois frascos de Veronal.
Existe
uma premiação chamada “Prêmio Literário Florbela Espanca” que tem como objetivo
premiar obras literárias portuguesas. Ocorre de dois em dois anos.
Suas
obras mais importantes são: Livro de Mágoas (1919); Livro de Sóror Saudade
(1923); Livro de Charneca em Flor (1930) e Reliquiae (1931), obra póstuma.
SER POETA
Ser poeta é
ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!
É ter de mil
desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!
É ter fome,
é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!
E é amar-te,
assim perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!