[Resenha] Uma Canção para a Libélula

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Autor: Juliana Daglio
Editora: Deuses
Ano: 2014
Paginas: 235

Sinopse: Era uma comum primavera numa fazenda qualquer, mas um encontro inusitado aconteceu: a Menina e a Libélula se viram pela primeira vez. Assombrada por um medo irracional da Morte, a Menina é marcada por esse encontro para o resto de sua vida. Compõe então uma canção em seu piano, homenageando a misteriosa libélula. Os anos se passaram, Vanessa vivia em Londres e tinha a vida cercada por seu iminente sucesso como pianista, porém, algo aconteceu, mudando seu destino: Uma doença, uma viagem e um reencontro.  Vanessa precisará encarar fantasmas que sequer lembrava um dia terem assombrado sua vida, tendo de relembrar a morte do irmão e reviver seu conflito com a mãe. E mais importante e mortal, conhecer a grande antagonista de sua vida, a quem chama de Vilã Cinzenta.  De Londres a São Paulo, dos Palcos aos Lagos. “Uma canção para a Libélula” é a história de uma alma perdida e de sua busca por quebrar o casulo de sua existência, para só então compreender o sentido da própria vida. Este livro é um profundo mergulho em uma mente nebulosa, permeada por lagos obscuros e pela inusitada morte; não havendo sequer esperanças. 
Este livro chegou as minhas mãos por meio do Book Tour Uma Canção para a Libélula feita em parceria com a autora Juliana Daglio.
Neste livro acompanhamos a Vanessa dos Santos, onde se passa também alguns flashs de sua infância que lhe trouxeram transtornos futuros. Acompanhamos sua grande estreia nos palcos como pianista renomada, mas que não dura muito por seu pai se encontrar doente e ter que volta para sua terra natal o Brasil mais precisamente São Paulo.
Há 14 anos ela vivia em Londres com sua tia Lorena onde deu profundidade aos estudos para se tornar pianista. Podemos acompanhar que ela sofre de pequenos transtornos o que a deixa por fora da realidade em alguns momentos. Aos poucos percebemos que isso vai ficando mais frequente e observamos que nossa protagonista não está bem e isso tudo piora quando ela volta para o Brasil.
"Depois de uns quinze minutos naquele silêncio, somente com meus pensamentos, tentei controlar meu medo e minhas lembranças, impedindo-as de emergir, quando de repente, ao invés de me acalmar e esfriar a cabeça, acabei me percebendo vazia. Aquele vazio era diferente, desconhecido. Não era bem um vazio, era o que as pessoas chamavam de solidão." (pág. 51)
Sua vida anterior a Londres foi muito sofrida e o grande motivo era a sua mãe Valéria, que a maltratava e a humilhava constantemente por achar que o nascimento dela tenha acabado com sua carreira de modelo. Mas o pai por outro lado sempre esteve ao seu lado, mas não podia ver que aos poucos sua filha adoecera e sua mulher já estava no estopim da doença.
Ao decorrer do livro você percebe que os desafios que ela enfrenta são muito mais do que pequenos empecilhos como o marido da tia que quer que ela tenha uma vida independente, ou melhor, a mandando embora civilizadamente, o ex-namorado jogando verdades na cara dela a deixando mais perturbada, o empresário que fica colocando-a contra parede para manter mais e mais compromisso e lhe deixando em grande pressão, a mãe que faz de tudo para que sua vida seja um inferno a pesar de ela não ter feito absolutamente nada ou uma recordação do passado que não sai dos seus sonhos. A vida da pequena Vanessa é um mar de sofrimento e a sua Vilã Cinzenta como ela chama e que lhe perturba que é nada menos que a DEPRESSÃO não a deixa sozinha momento algum.
"-Eu deveria saber que você não iria aceitar - soltou com certa brutalidade. - Você está sempre ocupada demais com suas partituras! Sempre reclusa e antissocial! O que uma garota tão triste e infeliz iria fazer com um casamento? Acabar com ele!" (pág. 36)
O livro mexe com o leitor como ninguém. Creio que quem já teve a possibilidade de tê-lo em mãos sentiu o mesmo. Não tem como você não se sentir no corpo dela em alguns momentos. Eu fiquei pensando: Meu pai como pode uma mãe ser assim? Eu odiei a Valéria com todo o meu ser, mas por um lado eu pensei  e pensei e vi que talvez é só uma hipótese ela a trate assim por que sofre do mesmo mal. Há mães que tem depressão pós-parto e o mesmo pode ter acontecido com ela e diante da perda da carreira dos sonhos se agravou ainda mais. Claro que isso não justifica as maldades, mas pode ser um rumo que a historia pode dar. A Libélula é um grande fator importante na vida da Vanessa, mesmo por ser um bichinho peculiar, ele é quem conhece seu verdadeiro eu.
"Em minha mente vi aparecer a imagem de uma libélula voando. Logo me vi cercada pelo azul e pela grama verde da fazenda de minha vó. Uma lembrança que remontava quase vinte anos. (...)(...) A lembrança boa não durou muito. Havia um lado sombrio, oculto, morando nela também, e ele me venceu. A morte apareceu de novo. Ela me observava sucumbir ao medo que me dominava. Eu já a conhecia, sabia de sua força, já que éramos velhas conhecidas." (pág. 52)
Eu amei o livro do começo ao fim é um drama lindo e você também aprende muito da doença. Eu havia falando anteriormente sobre me sentir em alguns momentos como ela, mas não que eu tenha passado pelo mesmo problema, mas em alguns termos todos nos sentimos sozinhos às vezes e nos perguntamos o porquê de estarmos aqui e já conhece pessoas que sofreram só mesmo mal e igual a ela e até a ponto de chegar ao suicídio. Pude perceber que a pessoa não nasce e sim pode adquirir com momentos de grandes emoções ou com o tempo.
O livro lembrou-me um trecho da música de Charlie Brown(Só os Loucos Sabem):
(...)Eu segurei minhas lágrimas, 
Pois não queria demonstrar a emoção,
Já que estava ali só pra observar 
E aprender um pouco mais sobre a percepção,
Eles dizem que é impossível encontrar o amor 
Sem perder a razão,
Mas pra quem tem pensamento forte, 
O impossível é só questão de opinião
E disso os loucos sabem, só os loucos sabem,
Disso os loucos sabem, só os loucos sabem(...)

Link: http://www.vagalume.com.br/charlie-brown-jr/so-os-loucos-sabem.html#ixzz3E4rKSYqq

8 comentários:

  1. Sorrido de orelha à orelha com essa resenha linda!
    Obrigada, Mah, pelas palavras, pela chance de mostrar meu trabalho por esse blog, e pelo carinho com que nos acolheu, a mim e ao livro.

    Um enorme beijo!

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    Respostas
    1. Juh você sabe que tenho um carinho imenso por você. E sério eu amei seu livro. Além de tratar de uma doença tão pouco falada entre as pessoas por acharem que não vale a pena falar, pois não a consideram como tal. Obrigada você por nos dar essa oportunidade de tê-lo em mãos.

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  2. Oii tudo bem?
    Conheço a Juliana pelo facebook e ainda quero muito ler esse livro, sua resenha ficou ótima haha *--* Parabéns pela parceria ><
    Beeijos - Espero sua visita em Doce Literário :3
    http://doceliterario.wordpress.com/

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    Respostas
    1. Ela é uma autora maravilhosa e uma grande pessoa. E o livro é maravilhoso e obrigada por ter gostado da resenha.

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