[Resenha] O Circo Mecânico Tresaulti

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Autor: Genevieve Valentini
Editora: Darksidebooks
Ano: 2013
Paginas: 320
“Respeitável público, sejam bem vindos ao incrível Circo Mêcanico Tresaulti, o lugar para quem acredita no mundo mágico que nos rodeia. Permita-me conduzi-lo por uma viagem única através da luz e das sombras onde descobriremos juntos uma nova forma de ver tudo e a todos. Onde não existe limite entre o picadeiro e a plateia, onde tudo é real e o único limite é a nossa vontade de sonhar.” Às vezes, o mundo pode parecer um lugar desolador e escuro, formado por vastas amplidões cheias de conflito, onde o que todos procuram é se agarrar a algo que os faça sobreviver ao dia seguinte. O público se aglomera para ver de perto as proezas desse grupo de pós-humanos fascinantes mas por vezes sombrios. É nesse picadeiro que enxergamos uma parte de nós em uma delicada lente de aumento. Seguimos adiante cercados por personagens como Ayar, o homem forte, os irmãos acrobatas Grimaldi e o incrível trapézio vivo de Elena, além de um enigmático par de asas, objeto de uma guerra secreta nos bastidores do circo mecânico. Através de imagens surpreendentes, a autora nos conduz por um realismo mágico com um toque da beleza steampunk, uma combinação inusitada que cria a atmosfera perfeita para personagens comoventes e de grande força poética. 

Acabei me enganando com as primeiras páginas que li. Achei que a leitura não fosse vingar e que o livro seria chato. Acabei me enganando.
Passando o susto inicial, acabei viciada na leitura de O Circo Mecânico.
Fui surpreendida na forma como a autora conta a história. Ela não segue uma linearidade no texto, o que pode acabar causado estranhamento em alguns. Entretanto, a leitura nos prende, não faz a gente querer largar o livro. E foi isso que achei o máximo.
A história é contada em primeira e terceira pessoa, inicialmente pelo ponto de vista de George, um dos integrantes do circo, e um dos únicos a não ter uma parte mecânica inserida em seu corpo.
Contudo, no decorrer da história, ela acaba nos mostrando o ponto de vista dos outros personagens, o que eles querem, o que eles pensam, seus medos, sonhos. Ela vai nos delineando aos poucos a forma como cada um entrou no circo.
“"Se uma pessoa cai no meio de um número", disse Boss, "você aponta para ela como se fizesse parte dele e o termina. Ninguém quer ver você fracassar. Qualquer um pode fracassar. Eles pagam dinheiro para nos ver fazer coisas que eles não conseguem"” (p. 63)
Fiquei com medo de a leitura acabar declinando, mais ela só me fazia querer continuar lendo. O final é surpreendente, gostei da forma como as coisas se encaixaram. Muitos tiveram que aprender por causa da situação em que passaram. Sim, temos imprevistos, sequestros e muita ação nos momentos finais do livro. É onde pudemos conhecer um pouco mais sobre a Boss, a chefe do circo, e o seu dom, de transformas as pessoas, mas não qualquer transformação, mais de a de metade humano e metade máquina.
E sim, ele me deixou com o coração na mão e me senti despedaçada quando terminei a leitura (ninguém se acostuma com situações ruins).
“Quando um jovem garoto em especial vai ao circo e se esquece de aplaudir os acrobatas ou o homem forte por estar se perguntando se eles poderiam lhe ser uteis, ele é um homem do governo” (p. 112)
Contudo, como nem tudo são flores, senti que ainda faltavam algumas perguntas a serem respondidas. Queria entender um pouco mais sobre a guerra na qual eles passaram e ainda passam e queria saber um pouco mais sobre o George. Ainda há mais uma dúvida, mais se comentar vira spoiler.
No demais, a historia é boa, vale a pena darem uma chance a esse livro. Indico a leitura apesar de muitas pessoas não o terem apreciado.
A edição da Darkside esta brilhante, a capa é muito bem trabalhada, assim como as imagens que compõem o livro no lado de dentro, assim como um convite fofo. Espero que curtam.
 “Durante toda a vida, Ying supôs que Elena fosse naturalmente cruel. Perguntava-se agora se a crueldade simplesmente surgia quando o mundo estava desabando e não havia nada mais a se fazer a não ser brigar”. (p. 236) 

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