[Resenha] O Livro do negros

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Titulo: O livro dos negros
Autor: Lawrence Hill
Editora: Primavera Editorial
Ano: 2015
Páginas: 405

"Negros não são indestrutíveis para que só eles façam trabalho braçal, assim como brancos não são donos do mundo para achar que mandam nele."

Sinopse: O Livro dos Negros conta a história de Aminata Diallo, uma das personagens femininas mais fortes e marcantes da ficção contemporânea. Aminata foi sequestrada, ainda criança, na África, e vendida como escrava na Carolina do Sul. Após a Revolução Americana, ela foge para o Canadá e escapa da vida de escrava para tentar
uma nova história em liberdade. O livro traz uma história que nenhum ouvinte e nenhum leitor esquecerão.
O nome “O Livro dos Negros” se deu devido ao documento histórico, mantido por oficiais navais britânicos, ao fim da Revolução Americana. O documento oficializou os negros que serviram ao rei na Guerra e fugiram para Manhattan, no Canadá, em 1783. Apenas os negros que estivessem no Livro dos Negros poderiam escapar e conseguir sua liberdade. Aminata Diallo percorre toda uma longa trajetória com a finalidade de conseguir entrar no livro dos negros e conquistar sua liberdade. A obra, marcante e inesquecível, tornou-se uma miniserie de sucesso nos Estados Unidos. Dirigida e escrita por Clemente Virgo (The Wire) e protagonizada pela atriz Aunjanne Ellis e Cuba Gooding Jr., vencedor do Oscar em 1996.
Por onde começar? Nossa!
Antes de mais nada LEIAM. Não é por nada não, mas esse livro é um marco histórico sobre escravidão dos negros e dos africanos. A Aminata dada mais é que um personagem a mercê de uma sociedade patriarcal. A nossa personagem vivia em uma aldeia chamada Bayo onde vivia com o pai e a mãe apesar de que em sua aldeia a poligamia era um ato natural, se conseguia manter poderia ter mais de uma esposa. Também acompanhamos sua cultura desde quando é pequena. O tipo de comercio utilizado nas tribos era o escambo. Isso entre outras coisas são vistas logo  nos primeiros capítulos do livro.
Se você tem facilidade chorar pode ter certeza que este lhe arrancará várias lagrimas, por que é um livro forte demais.
Pessoas começavam a sumir na aldeia de Aminata e ninguém sabia como ou por que disto acontecer e quando nossa protagonista é raptada juntamente a sua mãe é que o movimento começa a rolar no desenvolver do livro.
Comecei achando devagar e parei. Dei uma nova chance e não me arrependo jamais por isso. Se tinha um livro favorito esse tomou o lugar dele.
Acompanhamos sua trajetória entre chegar aos navios negreiros á chegar a Carolina do Sul onde ela foi vendida para um fazendeiro. Nesse percusso muita coisa acontece, mortes ao montes vão aparecendo. O que é mais triste é ver que pessoas de outras aldeias observam e não fazem nada, o medo ainda domina o ser humano como ninguém, além de andar o percusso todo pelada a humilhação era enorme. Juntamente com os sequestradores havia um garotinho que para eu era uma linha tênue de esperança aos olhos de Aminata ele se chamava Chekura. Ao longo do caminho ele sempre ficava ao seu lado e lhe ajudava no que fosse possível e permitido já que o próprio trabalhava para os saqueadores.
Um dos momentos (veja bem: um dos por que são vários) fortes é no navio negreiro onde em algumas folhas você tem uma nítida sensação de estar lá e como os escravos eram marcados que nem gado. Eu parei nessa parte e fiquei pensativa! Eu estava no lugar dela naquele momento uma criança de 11 anos não poderia ter sofrido tal coisa.
Este livro não nos mostra o superficial que alguns livros de história costumam mostrar ele passa na integra e com uma fidelidade que me deixou anestesiada.
Nem todos os fatos ão reais como a história de vida da mesma, mas os fatos ocorridos referente a escravidão sim.
Os maus tratos são tão detalhados que a cada página seu coração chora de ver a perversidade de alguns. Não vou generalizar, mas mesmo tendo alguns de cabeça feita ainda compartilhavam do sistema.
A vida dela é  uma trajetória de sofrimento e poucas alegrias. E o Chekura fez um lindo papel nela. Fiquei apaixonada com o amor dos dois desde novos. Mas a distância e as impossibilidades era o que se opunha aos dois.
Ela sofreu assedio não só moral como sexual e sofria não só por ser negra, mas como mulher também. Para muitos burgueses o negro não tinha que ter instrução e os pais da Aminata a ensinaram a ler e escrever mesmo contra seus costumes. Em seu povoado só os homens podiam fazer isso. E na América só os brancos. Em sua região era muçulmana e até sua religiosidade foi testada muitas e muitas vezes.
Outro fator interessante foi ver americanos e ingleses brigando per terras e escravos das treze colonias e ainda vem os americanos dizer que estão lutando por sua liberdade.Vê se pode? É brincadeira.

"- Para uma negra, você fala bem. É melhor que você não seja tory. Estamos em guerra, e precisamos de liberdade - disse ele.
- Liberdade? Para os escravos?
- Negros, nada. Estou falando de nós rebeldes, patriotas. Precisamos nos libertar dos britânicos e de seus impostos. Nunca mais seremos escravos. (...)" (pág. 217)
Em sua trajetória de vida ela semeou esperança por onde passava, ajudou outros negros a serem mais instruídos e deixarem de ser leigos perante seus senhores.
Este livro nos mostra a inquietação de uma negra arrastar milhares não só de negros, mas de brancos para um ponto: a abolição. Ela cansou de promessas e propostas sem o único que ela mais queria a LIBERDADE. É uma mulher que serve como inspiração. Ela não é e não é um personagem fictício, pois existiu e existem resquícios de Aminata correndo na veia de várias pessoas por todo o mundo.

Então se você quer um livro que retrata não só história como uma sociedade que homens de etnias diferentes e iguais se matam por terras e pessoas este é o livro certo.

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